quarta-feira, 23 de julho de 2008

Fim de tarde... tem sido assim...


A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,


Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino


Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...


Florbela Espanca

1 comentário:

Zorze disse...

Belíssimo poema da nossa amiga Florbela Espanca.
Costumo dizer quando o Sol se põe nos diz - Fiquem bem que eu já volto. E o incrível é que o maroto já faz isto há milhões e milhões e mais milhões de anos. E nunca falha.

Beijos,
Zorze

NeoEarth